Skip to main content

Música ou Arte?

Penso que a música está dentro da arte, mas ela não é apenas arte. Mesmo estando dentro dela, trata-se de um conceito próprio, emancipado e autônomo.

Ou seja, para ser música, necessariamente precisamos dos elementos técnicos, uma vez que, sem estes não temos música da maneira organizada. Quanto ao canto gregoriano, justamente não creio que pode ser considerado música e sim canto, precisamos separar a música da canção, da poesia e até mesmo do canto.

Canto dentro da métrica da melodia e até mesmo harmonia, pode ser um elemento, mas não o "definidor" da música. Quando falamos em qualidade e afinação, ai a discussão torna-se subjetiva, pois na verdade, a pergunta é: Qualidade para quem? Ai trata-se de gosto e percepção própria!

No quesito técnico, temos que sem alguns pré-requisitos não temos música, mas continuamos tendo arte, pois a arte sim é extremamente subjetiva e perceptível de maneira individual, tocando cada um de uma maneira diferente. Evidentemente temos também, dentro disso, uma linha a qual podemos chamar de "padrão".

Quando temos apenas um elemento, temos elementos e não música como um todo. Já a música atonal, não possui preponderância de um tom, mas existe um caminho, mesmo que cromático, ou outros meios, os quais passam por vários tons, ou campos tonais diferentes, ai temos que é sim música, só não possui o padrão usual da hierarquia musical, ou sequencial. Talvez Adorno tenha usado o entendimento desta não serialidade, para fazer sua crítica sobre os improvisos no Jazz. Enfim, é claro que é um tema delicado e difícil de ser tratado mais superficialmente.

O fato é que dentro da arte a liberdade da expressão é algo supremo e por isso, muitos não se conformam que mais especificamente na música, sendo ao mesmo tempo arte e técnica, precisamos da organização, pois sem esta parte técnica, seria ainda mais difícil e confuso seu aprendizado e execução.

Entendo que podemos reduzir a música a atos, ao exemplo de uma sinfônica que em determinados momentos omite o ritmo, mas que permanece ali. Mas ainda assim, a simples omissão de um elemento, reduz a música a um ato e não a sua totalidade.

Sabemos que existem inúmeros elementos para consideração da música e que já deixamos de lado e estes são os fundamentais para execução.

Cada vez que fazemos isso, vamos banalizando o termo e o conceito até chegarmos ao ponto da artificialidade completa, onde, no inicio tivemos os sons da natureza para nos ajudar a criarmos os primeiros passos da música até a organização de método grego, podemos chegar a um ponto, que a música não mais existirá, teremos que qualquer ruído, barulho, o mesmo silêncio poderá ser considerado música pelo fato de omitirmos os limites conceituados tecnicamente.

A pergunta sem resposta e que considero mais difícil é, se a música é técnica e mesmo assim é arte e se ela está dentro da arte, mas é autônoma, até que ponto ela é música e até que ponto ela é arte? O equilíbrio e a mescla das duas, ou o "conjunto da obra", é arte, ou é música? Ou mais música, ou mais arte? Isso acho difícil de definir!




Referências:

Fábio Fleck;
Funk é Música? (Filosofia Hoje);

Comments

Popular posts from this blog

Photograph - Ed Sheeran

É cada vez mais difícil e distante um momento de parada. De parada de tudo. Onde o olho consegue parar no espelho ou na tela e com calma, respirar leve e consigo expor a catarse, momento ímpar para qualquer um que de algum modo queira, possa e consiga o colocar, com extrema liberdade, sem necessidades de estilísticas ou qualquer arrojo mais requintado e ao mesmo tempo muito fidedigno ao momento. Só pelo simples prazer de depositar a cada instante toda e qualquer palavra que saia da mente no presente momento de uma escrita para criar uma tentativa de escrita descritiva. É muito bom identificar isso em um autor, que é um fator que prende e muito a leitura. A narrativa construída aos passos, mas sem pretensões iniciais. Com objetivos que são construídos apenas durante o ato de os colocar. É como tocar uma música de improviso, digamos com inspiração, mas não um improviso superficial, uma descrição.  Resolvendo imitar ou quase, uma “análise musical”, revi Photograph, que mais do que um

Montage Of Heck

Montage of Heck, mostra um Kurt de outra perspectiva. De modo geral, estamos acostumados a ver um Kurt ídolo, ou o Kurt monstro. O compositor ou o drogado. É uma personalidade tão dual como qualquer outra grande figura clássica do Rock ‘n’ Roll. Assistindo o filme, é possível perceber que houve um cuidado para que outras visões fossem contempladas nele, mesmo que sutilmente. Então vemos ali algo que não estamos tão habituados. O Kurt pai, um homem obviamente não pode ser chamado de “comum”, devido a uma série de fatores, como seu comportamento, sua rotina, exageros e vícios, entretanto, pode ser visualizado - permita-me dizer, como qualquer outra pessoa, alguém com qualidades e defeitos, dos quais o último se sobressaem. Penso, que a exibição disso é importante, para que sua imagem não seja desvalorizada como bem fez a mídia na época - de modo geral, mas que também não seja hipervalorizada, tendo em vista que muitos tendem a vê-lo como algum tipo de herói - de algum modo, algo